BLOG DE MARCELO BARROS

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Stereo vs. Mono

Umas das dúvidas mais frequentes que recebemos em nosso suporte: som ambiente deve ser em stereo ou em mono?

A resposta é... depende!

Se for um palco, ou púlpito, com o público parado e centralizado, a resposta é: em stereo.

Mas se for sonorização de corredores, a resposta é: em mono!

Calma... vamos explicar! Mas para isso é preciso antes entender - corretamente, o significado correto do termo "som stereo".

O som STEREO

O significado da palavra stereo vem do grego στέρεο, que significa, em termos modernos, “sólido 3D”. Portanto, devemos usar o termo “som estéreo” para especificar um “som com profundidade”.

Imagine-se frente a frente com uma banda. Você percebe os sons vindo de diferentes direções: esquerda, centro, direita, e se for um ambiente fechado, ainda ouvirá as reflexões nas paredes. Nosso cerébro se utiliza da interpretação destas diferentes direções, do tempo de chegada de cada som e suas intensidades para avaliar onde está cada instrumento ou cantor. Usa ainda os reflexos para avaliar o tamanho e até o tipo do ambiente.

Portanto, reproduzir sons em estéreo faz muito sentido quando queremos reproduzir uma “cena musical” em um palco, ou seja: reproduzir a sensação de estarmos frente a frente com uma banda ou orquestra.

As gravações em estéreo procuram espalhar os instrumentos e vozes pelos canais esquerdo e direito (L/R), de forma mais ou menos como estariam distribuídos na cena musical real. Ao se reproduzir esta gravação em um sistema esterofônico, e com o ouvinte posicionado no centro das duas caixas acústicas L/R, recuperamos esta sensação de “cena musical” ou de "boca de palco".

Figura 1 – a reprodução em stereo

 

Indo um pouco além do L/R em dois canais, temos o “som surround”, com 5 ou mais canais, que nada mais é do que uma versão doméstica do som profissional de cinema (que pode chegar a ter mais de 48 canais). A finalidade é óbvia: através dos sons que veem de muitas direções diferentes, inserir o ouvinte dentro da cena do filme.

 

Figura 2 – a reprodução em "surround 5.1"

 

Portanto, reproduzir em estéreo (ou surround) faz muito sentido quando o ouvinte está relativamente fixo (parado) em uma posição mais ou menos centralizada em relação às caixas de som.

Isto é possível, por exemplo, quando estamos sentados no sofá de casa, ou em uma cadeira no auditório de um teatro ou de uma igreja; quando estamos dentro do carro, e mesmo na aula de spinning da academia. Como sempre estaremos mais ou menos fixos em uma posição centralizada em relação às caixas L/R, conseguiremos recuperar essa sensação de profundidade, ou de “cena musical”.

O som ambiente em corredores

Agora é tudo diferente! Imagine-se andando por um corredor de supermercado ou de um shopping-center. O simples fato do ouvinte não mais estar em uma posição fixa em relação as caixas já destruiu completamente o propósito do som estéreo!

 

Figura 3 – o som ambiente típico

 

E com um agravante: em som ambiente geralmente temos uma linha de caixas igualmente espaçadas ao longo de um corredor. E nós andamos através deste corredor... logo, não faria o menor sentido colocarmos os conteúdos L/R da música ao longo deste corredor! Pois que diferentes instrumentos e vozes seriam ouvidos e/ou ignorados ao longo da caminhada.

Pior ainda é “escolher” um dos canais, L ou R, para sonorizar um corredor! Pois como a totalidade das gravações de músicas e trilhas sonoras de hoje são originalmente gravadas em estéreo, se fizermos isso, faltarão instrumentos e/ou vozes, e a trilha ficará completamente desfigurada!

Experimente ouvir uma música qualquer em um sistema estéreo, mas desligando uma das caixas... você entenderá o que estou dizendo!

Para resolver ambos os problemas que acabei de descrever, 10 em cada 10 pré-amplificadores especificamente projetados para som ambiente em zonas fazem a soma dos canais L/R de todas as fontes de programa (de linha) que recebe. Fazendo isso, colocamos a integralidade da música em um só canal (mono). Agora esse programa está pronto para ser aplicado aos corredores da nossa instalação.

 

Figura 4 – a conversão stereo / mono

 

Conclusão

Ao instalar som em ambientes comerciais, com formato de corredor, em salas de espera, ou mesmo um saguão como em um restaurante; sempre utilize pré-amplificadores específicos para som ambiente, também conhecidos como pré-amplificadores de zona. Como por exemplo os NEXT PRO PreMixer One Zone e Dual Zone (veja aqui). Estes pré-amps sempre irão converter todas as entradas de linha em mono, antes de proceder com a distribuição. Esta é a forma correta de se trabalhar com som ambiente em corredores!

Já os pré amplificadores stereo (ou mesas de som stereo) devem ser utilizados em ambientes com formato de audiência, como por exemplo, palcos com público parado (sentado ou em posição fixa) à frente do mesmo, em uma posição centralizada. Os casos típicos são os púlpitos de igrejas e auditórios, palcos de academias, som de barzinho, etc. Para estas aplicações vc deverá usar um mixer do tipo stereo, como por exemplo o recém-lançado PreMixer STEREO!

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Marcelo Barros é físico com mestrado em conversão de potência. Recebeu seus B.Sci e M.Sci pela Universidade Federal de São Carlos, importante centro de pesquisas no interior de São Paulo, onde foi aluno de importantes cientistas brasileiros, como o Prof. G.E. Marques, que deu importantes contribuições no desenvolvimento dos transistores MOSFET, além de ter sido orientado pelo Prof. Araújo-Moreira, o inventor do grafite magnético. Barros pode ser considerado um veterano, pois atua na indústria desde 1992. Desenvolveu trabalhos em quase todas as áreas do áudio, assinando o projeto de alguns produtos, hoje considerados marcos da indústria, como o primeiro pré-amplificador de microfone valvular nacional tido ao mesmo nível dos clássicos. A partir de 2005 especializou-se em amplificadores e fontes chaveadas, publicando vários artigos, além de liderar o projeto do primeiro amplificador digital profissional produzido em série no Brasil. Foi o Coordenador do Grupo de Trabalho de Amplificadores da Comissão de Estudo CB003/CE003-100-001 da ABNT, que elaborou a Norma Brasileira de Amplificadores e é atualmente o CEO de tecnologia da Next Pro. : Canal do YouTube